
terça-feira, 27 de setembro de 2011
Convivência harmônica

domingo, 18 de setembro de 2011
Como é mesmo o seu nome?
Em Os Sete Pecados da Memória, Schacter explica que o nome de uma pessoa, expontaneamente, revela muito pouco sobre o indivíduo. Saber que fulano é Igor, Artur ou Luciana não indica imediatamente característica alguma delas, dificultando associações e comprometendo a memorização. Consequentemente, não se forma uma exuberante rede semântica, ficando apenas um único e penoso caminho para a recordação. Diferente do substantivo comum - computador, casa -, que é possível estabelecer facilmente uma representação visual e conceitual: computador é algo retangular, resistente, elétrico e serve para digitar dados. Além disso, os substantivos comuns têm os sinônimos, que suprem no esquecimento: na falta de casa, posso falar residência ou moradia. Já Igor é totalmente diferente do Artur, que contrasta com a Luciana. Dois pecados da memória podem explicar este fenômeno: o bloqueio e a distração. No bloqueio o nome foi memorizado mas, por falta de atalhos, sua recordação se torna trabalhosa. Expressões como "tá na ponta da língua" ilustram o ocorrido. Na distração a pessoa, sem perceber, não prioriza a escuta do nome, direcionando sua atenção para outra situação mais urgente ou interessante, tendo como resultado a falha na codificação da informação e a ausência do armazenamento. Ansiedade, alterações do humor, stress e débito de sono podem intensificar tais situações. E pra complicar um pouco mais a busca da palavra, existe ainda o fenômeno chamado "irmãs feias" (em referência à história da Cinderela, quando as irmãs feiosas, filhas da madrasta, tentam impedir que a moça calce o sapato, escondendo-a e se antecipando forçosamente para o principe): quando tentamos arduamente lembrar do nome do conhecido, sugem outras palavras intrusas na cabeça, dando uma falsa sensação de verdadeira. Aí chamamos Amanda de Ana ou João de Adão. Geralmente são palavras com alguma semelhança na forma ou na sonoridade.
Mesmo considerando a imensidão de relacionamentos reais e virtuais estabelecidos atualmente, é possível minimizar esses incovenientes, evitando um possível constrangimento. Inicialmente é necessário prestar mais atenção no momento da apresentação, demonstrando um esforço cognitivo de criar intencionalmente uma associação entre o nome da pessoa com alguma característica dela (física, emocional) ou com algo/alguém conhecido (Adão - bigodão; Ana - mesmo nome de uma tia; João - nome de um grande papa). É essencial também repetir várias vezes o nome do indivíduo durante os primeiros segundos da conversa de apresentação, facilitando a retenção. Desta forma se ativa mais intensamente a região do giro frontal inferior esquerdo do cérebro, aprimorando a codificação e, consequentemente, a memória. Porém, parece que o mais difícil é se conscientizar que é preciso fazer algo e não acreditar - como eu - que os nomes vão surgir por geração espontânea ou fazendo força, para não correr o risco de ser forçado a pronunciar aquela desagradável pergunta: como é mesmo seu nome?
domingo, 11 de setembro de 2011
Pessoas inteligentes, mas indiferentes?
Assim como a inteligência, as outras habilidades cognitivas - memória, linguagem, funções executivas - são amorais, ou seja, destituídas de valores de conduta. São ferramentas a serviço de algo estrutural no comportamento humano: as emoções. Sendo assim, podem ser usadas tanto para construtir como para destruir, agregar ou separar, criar ou matar, apaziguar ou aterrorizar. Historicamente as habilidades cognitivas têm servido ao primitivo e intenso desejo de poder da humanidade, não só nas grandes batalhas, guerras, roubos e atentados, mas também no cotidiano de muitos adultos e crianças. Da África ao nordeste brasileiro, milhões de pessoas sofrem diariamente com a miséria, a violência e a indiferença de homens inteligentes. Aqui, bem perto da gente, mais de um milhão de alagoanos sobrevivem sem alimentação adequada, assistência médica e educação. E muitos dos nossos representantes e gestores têm altas habilidades cognitivas - inteligência privilegiada, memória prodigiosa, fluência verbal invejável -, com passagem em bons colégios e um currículum impecável. Outros, menos afortunados nestas capacidades, possuem um carisma contagiante ou um espantoso poder de articulação. Com tudo isso, os frequentes desvios de verbas e merendas, os assassinatos, os serviços públicos sucateados e a corrupção fazem com que o nosso estado permaneça eternamente na turma do fundão nas avaliações sociais e econômicas, sendo comparado pela revista inglesa The Economist com o Afeganistão, país devastado e acusado de ter abrigado Osama Bin Laden. Em nossas casas também nos deparamos com as brigas e mentiras dos nossos habilidosos e promissores filhos, pelo poder da nossa atenção. Na escola comportamentos agressivos, apelidos constrangedores com colegas, a chacota com o diferente, a resistência em obedecer regras, o desinteresse pela história. E nós, pais, estimulando cognitivamente nossos filhos com aulas particulares, cursinhos, intercâmbio, escola de línguas, para que eles fiquem bem preparados para o competitivo mercado de trabalho. Mas, o que estamos realmente preparando? Será que estudantes, profissionais, gestores inteligentes, mas pessoas indiferentes? Determinados e competentes em progredir e atingir metas, em detrimento do prejuízo e sofrimento alheio? Empreendedores, porém descontrolados? Desejo ardentemente que esta postagem xiita se exploda pelos exageros cometidos!
domingo, 4 de setembro de 2011
O cultivo da cognição

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