Assim como a inteligência, as outras habilidades cognitivas - memória, linguagem, funções executivas - são amorais, ou seja, destituídas de valores de conduta. São ferramentas a serviço de algo estrutural no comportamento humano: as emoções. Sendo assim, podem ser usadas tanto para construtir como para destruir, agregar ou separar, criar ou matar, apaziguar ou aterrorizar. Historicamente as habilidades cognitivas têm servido ao primitivo e intenso desejo de poder da humanidade, não só nas grandes batalhas, guerras, roubos e atentados, mas também no cotidiano de muitos adultos e crianças. Da África ao nordeste brasileiro, milhões de pessoas sofrem diariamente com a miséria, a violência e a indiferença de homens inteligentes. Aqui, bem perto da gente, mais de um milhão de alagoanos sobrevivem sem alimentação adequada, assistência médica e educação. E muitos dos nossos representantes e gestores têm altas habilidades cognitivas - inteligência privilegiada, memória prodigiosa, fluência verbal invejável -, com passagem em bons colégios e um currículum impecável. Outros, menos afortunados nestas capacidades, possuem um carisma contagiante ou um espantoso poder de articulação. Com tudo isso, os frequentes desvios de verbas e merendas, os assassinatos, os serviços públicos sucateados e a corrupção fazem com que o nosso estado permaneça eternamente na turma do fundão nas avaliações sociais e econômicas, sendo comparado pela revista inglesa The Economist com o Afeganistão, país devastado e acusado de ter abrigado Osama Bin Laden. Em nossas casas também nos deparamos com as brigas e mentiras dos nossos habilidosos e promissores filhos, pelo poder da nossa atenção. Na escola comportamentos agressivos, apelidos constrangedores com colegas, a chacota com o diferente, a resistência em obedecer regras, o desinteresse pela história. E nós, pais, estimulando cognitivamente nossos filhos com aulas particulares, cursinhos, intercâmbio, escola de línguas, para que eles fiquem bem preparados para o competitivo mercado de trabalho. Mas, o que estamos realmente preparando? Será que estudantes, profissionais, gestores inteligentes, mas pessoas indiferentes? Determinados e competentes em progredir e atingir metas, em detrimento do prejuízo e sofrimento alheio? Empreendedores, porém descontrolados? Desejo ardentemente que esta postagem xiita se exploda pelos exageros cometidos!
domingo, 11 de setembro de 2011
Pessoas inteligentes, mas indiferentes?
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