Acostumado com o comportamento primitivo de apertar as teclas para me comunicar, deslizar o dedo sobre a tela do celular foi uma tarefa divertida e engraçada - para a plateia familiar a que me assistia. Novamente precisei da ajuda de um outro professor, meu filho de 15 anos, que, com muito carinho e bom humor, foi pacientemente me explicando a utilidade dos intermináveis aplicativos (com as atividades e responsabilidades cotidianas de um pai de 3 filhos, para utilizar rotineiramente todas as possibilidades do equipamento, precisaria que o meu dia fosse igual ao de vênus - equivalente a 243 dias terrestres). Sexta-feira, após o costumeiro passeio com os cavalos, contemplando sua força e beleza na pista empoeirada da Barra Nova, retorno com o meu primogênito ainda ouvindo seus ensinamentos cibernéticos. Com um pouco mais de informação sobre o mundo virtual e, consequentemente, menos espantado - até utilizando alguns recursos -, repentinamente no trajeto para casa me lembrei do meu pai - na minha adolescência - preocupado com o futuro dos filhos no envolvimento com as novidades da modernidade. Menos catastrófico que ele, também achei necessário refletir com o Victor sobre um dos maiores desafios comportamentais da humanidade que vislumbro para as próximas décadas: selecionar.
Numa sociedade que busca cada vez mais situações ou relações intensas, rápidas e cômodas, escolher não será uma tarefa fácil. A rapidez e a variedade de opções (brinquedos, máquinas, cursos, profissões, igrejas, encontros e experiências), bem como a facilidade de obtenção, incorporadas nos relacionamentos afetivos, educação dos filhos, decisão profissional, lazer e religião tornarão as pessoas cada vez mais ansiosas quando tiverem que preferir (arrisco-me a dizer que o avanço econômico, a competitividade e a sofisticação da vida, entre outras coisas, contribuirão bastante para esta possível realidade).
Como realizar uma escolha apressadamente, se seu processamento necessita de circuitos cerebrais amplos e distintos, com ingredientes cognitivos e emocionais, fermentados sob a ação branda do tempo e da solidão? Como selecionar o primeiro, sem a incômoda sensação de renunciar o segundo, terceiro, quarto, quinto (não seria mais confortável tê-los também)? Como optar por algo ou alguém, tendo que enfrentar as consequentes implicações? E, finalmente, como aguardar o amadurecimento dos frutos da escolha, com tanta pressa?
É claro que não esgotei meu filho com todos estes questionamentos (afinal de contas ele - como eu - precisamos nos deslumbrar com algumas coisas); procurei apenas estimulá-lo na reflexão de certos aspectos envolvidos na relação com amigos, paqueras, escolha profissional mas, sobretudo, procurei destacar determinadas instruções que acredito serem aplicativas no inevitável, complexo e cotidiano jogo: viver.
Numa sociedade que busca cada vez mais situações ou relações intensas, rápidas e cômodas, escolher não será uma tarefa fácil. A rapidez e a variedade de opções (brinquedos, máquinas, cursos, profissões, igrejas, encontros e experiências), bem como a facilidade de obtenção, incorporadas nos relacionamentos afetivos, educação dos filhos, decisão profissional, lazer e religião tornarão as pessoas cada vez mais ansiosas quando tiverem que preferir (arrisco-me a dizer que o avanço econômico, a competitividade e a sofisticação da vida, entre outras coisas, contribuirão bastante para esta possível realidade).
Como realizar uma escolha apressadamente, se seu processamento necessita de circuitos cerebrais amplos e distintos, com ingredientes cognitivos e emocionais, fermentados sob a ação branda do tempo e da solidão? Como selecionar o primeiro, sem a incômoda sensação de renunciar o segundo, terceiro, quarto, quinto (não seria mais confortável tê-los também)? Como optar por algo ou alguém, tendo que enfrentar as consequentes implicações? E, finalmente, como aguardar o amadurecimento dos frutos da escolha, com tanta pressa?
É claro que não esgotei meu filho com todos estes questionamentos (afinal de contas ele - como eu - precisamos nos deslumbrar com algumas coisas); procurei apenas estimulá-lo na reflexão de certos aspectos envolvidos na relação com amigos, paqueras, escolha profissional mas, sobretudo, procurei destacar determinadas instruções que acredito serem aplicativas no inevitável, complexo e cotidiano jogo: viver.