Quando aprofundamos um relacionamento amoroso, progressivamente a outra pessoa começa a questionar e reclamar de certas atitudes nossas que não percebemos - mas que também nos desagradavam quando identificávamos em nossos pais. Com a chegada dos filhos, mesmo com os inúmeros livros lidos e entrevistas assistidas, sentimos a necessidade de repetir com os rebentos vários ensinamentos vividos na nossa infância, tornando-nos agora seus ardorosos defensores. Estando na meia idade, envolvidos em muitas atividades e responsabilidades, inclinamo-nos a ficar fortemente automatizados e pouco flexíveis. Se não aprendermos com as situações da vida, orientação religiosa ou com psicoterapia, caminhamos gradativamente para o enrijecimento, incorporando comportamentos que há algum tempo nos incomodavam . É a época em que o tempo passa mais rápido: tão veloz que chegamos na terceira idade sem perceber. Percebemos então as várias mudanças ocorridas em nós e no ambiente e, se não encontrarmos sentido nas atividades e ocupações, os ponteiros do relógio vão se arrastar lentamente. É o momento que ficamos mais apegados - e até dependentes - a conceitos, sentimentos e hábitos antigos, alguns inadequados. É uma fase delicada porque, ao contrário da juventude, tendemos a ter um corpo maleável e uma mente rígida ("cabeça dura"); a nos relacionar mais intensamente com os conceitos do que com os estímulos do ambiente. Os valores podem petrificar e dificultar muito a nossa caminhada, tornando-a desnecessariamente pesada e dolorosa. Além disso, nossos filhos ficarão irritados, ansiosos ou tristes diante das nossas teimosias e, provavelmente, repetirão o mesmo padrão de comportamento com as futuras gerações.
Não desperdicemos tempo e oportunidade; vamos interagir e compartilhar o que temos, seja a experiência ou a vivacidade, para seguirmos renovados e com alguma serenidade, pois as épocas e os costumes são diferentes, mas o percurso é o mesmo.
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