terça-feira, 10 de maio de 2011

Contágio Social - primeira parte

      Há dois dias venho tentando digerir o conteúdo do artigo Contágio Social (Mente Cérebro - maio/2011) que, embora tenha sido publicado numa revista com alguma credibilidade, identificadas as referências bibliográficas que fundamentaram o artigo, comentado sobre alguns detalhes das inúmeras pesquisas, com milhares de pessoas, não tem sido fácli absorver as informações apresentadas. Por isso separei alguns trechos que me impressionaram e que venho, ao longo destas 48 horas, ruminando:
1 -"...não apenas agentes patogênicos são transmitidos de uma pessoa para outra, mas também comportamentos - seja o riso ou atos suicidas, decisões sobre compras ou costumes alimentares. Esse contágio social, domina várias áreas de nossa vida, frequentemente sem que tenhamos consciência disso";
2 - "Que o bem-estar das pessoas depende fortemente de quão os outros que estão à sua volta sejam felizes foi comprovado em 2009 pelos economistas John Knight, da Universidade de  Oxford...";
3 -"... a felicidade individual não podia ser explicada apenas por fatores sociais: condições materiais para o bem-estar, trabalho que trouxesse satisfação e principalmente a saúde física desempenhavam importante papel. A isso, acrescenta-se o fato de que redes sociais são estruturas complexas, nas quais vários sentimentos são transmitidos ao mesmo tempo";
4 -"Não apenas sentimentos, mas desejos e planos de vida aparentemente são também contagiosos";
5 - "Quando as pessoas podem fazer o que querem, em geral imitam as outras";
6 -"O ato de imitação mútua tem como base a semelhança entre os membros de um determinado grupo. Similaridades criam confiança e compreensão mútua. Principalmente por esse motivo, médicos tendem mais a ser amigos de médicos e pedreiros de pedreiros";
7 - "Apesar de quase sempre nos propormos a agir de forma autônoma, frequentemente assumimos o ponto de vista daqueles que estão próximos";
8 - "O objetivo máximo dos membros de uma rede de convivência é provar que pensam, sentem e agem da mesma forma que os outros - embora não tenham consciência dessa tendência. Isso fortalece a identidade do grupo, estimula a cooperação e a sensação de pertenciamento...";
9 - "Inúmeros estudos comprovam que o isolamento social representa um risco à saúde".
     Embora o senso comum já tenha alertado, com os seus ditados populares, para a importância e o impacto das companhias no comportamento do indivíduo("Dizei-me com quem andas e eu te direi quem és"), e a sociologia - de uma maneira mais estruturada - pesquisando sobre os fenômenos sociais e analisando  as relações de interdependência entre os homens, minha ignorância sobre o assunto foi determinante para o estado de perplexidade diante da intensidade e amplitude dos argumentos. A priori vislumbro que, havendo algo de real nesse artigo, as implicações na compreensão do comportamento individual e coletivo são imensas, bem como as possibilidades de  manipulação por entidades públicas e privadas. Espero não ter uma indigestão...