segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Olimpíadas 2012, 2013, 2014...

      Nestes últimos 15 dias participei de uma maratona ... de atividades. Além das habituais tarefas e compromissos profissionais, familiares e sociais, tornei-me um telespectador assíduo das Olimpíadas de Londres, acompanhando, por inúmeras horas, as competições de Futebol, handebol, voleibol, atletismo, hipismo, basquete, iatismo e ginástica. E não foi fácil pois, assim como os atletas, também tive que suar bastante, planejando os meus dias (para conciliar e incluir na minha agenda diária o máximo de jogos), ficando atento no consultório às manifestações de vitória vindas das ruas (gritos, buzinaço, fogos), procurando ser eficiente na resolução das providências e mostrando rapidez no retorno ao lar. Em casa, tive que desagradar a esposa, ao tumultuar um pouco - acho - os necessários hábitos cotidianos, alimentando-se apressadamente e convocando os filhos para a bagunçada torcida no sofá. Além disso, por duas semanas sacrifiquei heroicamente a minha sagrada siesta  das 13h, por coincidir com o horário de jogos importantes. Até os rabiscos de que gosto de realizar aos domingos foi comprometido pela minha dedicação ao evento. Mas, valeu a pena! Foi um show de imagens e emoções!
     Como ex atleta de esporte amador, tendo praticado handebol há 25 anos, assistir aos jogos me fez reviver os torneios participados, a ansiedade pelos jogos, o espírito de união do time, a angústia dos momentos decisivos, a "força" que vinha dos gritos da torcida amiga, a tristeza das derrotas e o êxtase das vitórias. Embora bem distante da qualidade técnica dos atletas olímpicos e do glamour de Londres, foram momentos inesquecíveis! Momentos iniciados aos 12 anos, como uma brincadeira nas aulas de educação física numa escola pública, seguindo-se com os primeiros arremessos desajeitados na escolinha de handebol, suportando a reserva por um ano inteiro, até ser promovido como titular do time a partir do ano seguinte. Até os meus 18 anos, foram incontáveis dias de treinamento - ocorridos ao menos três vezes por semana -, com exercícios físicos repetitivos e exaustivos, com dores nas pernas e braços ao despertar, lesões no joelho e a conciliação com os estudos escolares. Quando nas competições em outros estados, ficava em alojamentos com acomodações improvisadas nas escolas, dormindo em colchões no chão e malas espalhadas pela sala de aula, jogando até duas partidas diárias, preenchidas com empurrões, pancadas e cotoveladas dos adversários, gritos do treinador, tensão constante, sede, cansaço...  Tudo isto em busca por grandes medalhas: força, destreza, compleição física, status e, é claro, o delicioso sabor da vitória.
     Mas a riqueza da prática esportiva ultrapassa a utilidade de sublimar tendências humanas primitivas: através do doloroso treinamento - físico e emocional -, favorece o indivíduo a persistir diante da preguiça ou do cansaço, a suportar o sofrimento (sabendo que a dor diminui em alguns dias, após algumas compressas) e não se entregar facilmente com o desânimo. Assistir às Olimpíadas de Londres foi realmente empolgante: pelo desfile da bela variedade humana, na sua forma e comportamento; pelo espetáculo de força e de precisão; e pela valorização global de uma atividade humana naturalmente terapêutica, que tem a possibilidade de nos tornar mais hábeis nos movimentos do corpo e da alma.

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