domingo, 8 de julho de 2012

"Partícula de Deus"

                         


   Aproximadamente às 20:30h desta última quarta-feira, dia 04 de julho, após tomar uma quente e saborosa sopa  de legumes no jantar, fui me deitar preguiçosamente no sofá da sala, procurando um programa de televisão interessante e ameno, compatível com a despedida do dia. Sem opções e maior interesse, coloquei no rotineiro noticiário da noite... quando o entusiasmo do apresentador me fez sentar: era o anúncio da observação inédita de uma partícula subatômica, realizada pelo Centro Europeu de Pesquisa Nuclear, com grande probabilidade de ser  o "bóson de Higgs", apelidado de " partícula de Deus". Mesmo leigo no assunto, a euforia dos cientistas na divulgação dos resultados iniciais e, principalmente, as lágrimas do britânico Peter Higgs no auditório, quase cinquenta anos após a idealização da teoria, deixaram-me realmente emocionado. Que bela fotografia! Levantei imediatamente e, na internet, vi que a tal partícula daria origem à massa de todas as demais partículas e estava sendo perseguida pelos cientistas ao longo das últimas décadas. Parece que esta era a pesquisa mais importante que vinha sendo realizada pelo acelerador de partículas - LHC -, um aparelho construído ao longo de 27 quilômetros, entre a França e a Suíça, considerada a máquina mais poderosa do mundo. Com a mais alta tecnologia e os mais sofisticados instrumentos, o LHC é capaz de fazer colidir prótons (partículas que formam o núcleo de um átomo)  - para os mais amedrontados (não especialistas),  o acelerador poderia até gerar um buraco negro e destruir a terra.
Mas, mesmo diante da complexidade do maquinário e do sucesso da descoberta - já candidata ao Prêmio Nobel -, repito que a minha alegria resultou mais da felicidade demonstrada pelo pesquisador aposentado de oitenta e três anos, Peter Higgs. Alguém que em 1964, sem o aparato tecnológico atual, concebeu a hipótese vigente, utilizando basicamente sua mente, seu cérebro: um equipamento com mais de 100 bilhões de unidades funcionais, conectadas em redes, com praticamente infinitas possibilidades, funcionando durante as 24 horas, por mais de 25.000 dias (equivalente a 70 anos), fazendo uso principalmente de oxigênio e glicose e, mesmo sem sensores ultra-sensíveis, consegue realizar um diagnóstico adequado da realidade, não só "vendo" estruturas invisíveis, mas também fenômenos do passado e do futuro, ocorridos próximos ou anos-luz de nós, interna ou externamente, de maneira concreta ou abstrata. Esta sim é a máquina mais poderosa do mundo; na imensidão do universo, é realmente uma partícula divina! É o tipo de notícia que entusiasma e aquece por dentro, como a sopa.

Nenhum comentário:

Postar um comentário